<h3>Contos - por LKMazaki</h3> [[Conto 1|Conto 1 - intro]] <h3>Conto 1 - Parte 1</h3> <span style=“text-align:justify”> A chuva castigava a cidade no início daquela noite, transformando a poeira do calor do dia em sujeira e lama pelas ruas que rapidamente alagavam. Passavam das onze e meia da noite. Os últimos retardatários saídos de escolas e empresas se apressavam para conseguir a última condução para casa. Diovana correu até a entrada da estação de metrô tentando proteger-se da água com os braços. Parou às escadarias enxarcada, a camisa preta colada ao corpo. Arrepiou-se com a brisa que veio do corredor subterrâneo e esperou recuperar um pouco do fôlego para retomar o caminho. Ao cruzar a catraca eletrônica Diovana pode escutar o som do metrô se aproximando da estação e apressou o passo. A meio caminho, quando o longo veículo estacionou, acabou escorregando nos próprios sapatos ensopados, levando os braços por reflexo para se apoiar no que havia mais próximo: — Woa! — exclamou uma jovem mulher de cabelos castanhos e curtos ao ser puxada por Diovana sem aviso prévio. — D-Desculpe. — pediu Diovana, ainda sem ter recuperado o equilíbrio. Para sua surpresa a outra segurou-lhe ambos os braços e ajudou-a a não despencar de vez. — Obrigada e me desculpe mais uma vez. — Não foi nada. — respondeu a mulher, com um sorriso. Seus olhos permaneceram nos de Diovana por um instante demorado antes de desviar para o veículo parado com as portas abertas a alguns metros. — Ah, você também vai pegar o R20? Talvez. . . — Ah, sim, claro. — concordou Diovana, afastando as mãos que ainda se apoiavam na desconhecida, sem jeito. As duas embarcaram e logo a condução começou a se locomover com velocidade pelos túneis subterrâneos. As duas foram as únicas a embarcar no quinto vagão e sentaram em lados opostos, a uns três acentos de distância. Diovana não conseguiu evitar que seus olhos fossem na direção da desconhecida a cada um ou dois minutos. Decidiu fingir ler no celular, mas sabia que não devia estar muito convicente. Sua sorte era que a desconhecida estava parecendo bastante absorta, lendo alguma coisa em um tablet. Não muito tempo transcorreu até que Diovana tivesse que levantar-se para sair. Quando caminhou para a porta passou na frente da moça que levantou o olhar. As duas se encararam esta sorriu da mesma maneira simpática de antes. Diovana acenou minimamente com a cabeça, sem se deter. A viagem que durara pouco mais de quinze minutos não saiu dos pensamentos de Diovana mesmo depois de adormecer. </span> [[Ir para Parte 2|Conto 1 - parte 2]] <h3>Conto 1 - Parte 2</h3> Em uma casa antiga de uma das cidades próximas da capital o som de discussão era tão alto que escapava pelas janelas para os vizinhos. Já faziam alguns meses desde a última vez em que se vira aquele tipo de confusão na casa dos Soares, porém, bastara a filha retornar para que mais uma vez o escândalo fosse audível. Diovana abriu a porta da frente com um empurrão e fez questão de bater de volta para fechá-la. Os gritos da sua mãe a seguiam, mas ela apressou o passo. A porta da casa voltou a se abrir e ela pode ouvir com mais clareza os últimos insultos daquela visita: — E não volte mais nessa casa se não for para ajudar! — esganiçou-se a senhora de pouco mais de cinquenta anos. — Ele é seu pai, Diovana! Você deve tudo a ele! A mulher parou no mesmo lugar, com a mão na maçaneta do portãozinho de meia altura que separava o jardim da rua. Seu corpo inteiro tremia. As palavras quase explodiram da sua boca para fora, mas ela as engoliu sentindo uma dor nos músculos do pescoço. Saiu sem olhar de volta para a casa e afastou-se a passos rápidos e fortes. Ela devia tudo a ele? Com certeza! Devia todos os anos de frustração e medo. Devia todo o ódio que transformara em motivação para afastar-se daquela maldita casa. Sim, Diovana devia tudo o que era para seus pais. Os melhores pais do mundo. Aqueles que lhe olharam atravessado a cada dia que ela mostrou não ser capaz de ser a princesinha que tanto haviam sonhado criar. Ainda com as mãos trêmulas Diovana catou a carteira de cigarros, acendendo o fumo e tragando com toda a capacidade dos pulmões, deixando a fumaça sair lentamente pelas narinas e boca. E daí se ele estava internado? Foda-se se ele estava morrendo! Diovana sentia-se morta a muito tempo e nada lhe bastaria como vingança: — Eu sou um monstro. — disse ela, já chegando à estação onde o ônibus para a capital aguardava o horário para sair. Terminou o fumo e atirou a ponta restante na lixeira mais próxima. — O monstro que eles criaram. Dez minutos depois, já dentro do ônibus, Diovana enfim viu a paisagem começar a se movimentar e seus pensamentos enfim começaram a mudar de rumo. O veículo sacudia muito. Era um modelo muito antigo e sucateado. Porém o barulho excessivo do motor se mostrou uma ótima distração. Depois de algum tempo observando a estrada mal-cuidada que ligava o interior à capital os pensamentos de Diovana foram longe o bastante para recordar da noite chuvosa no metrô. Desde aquele dia ela havia passado a buscar com os olhos a figura daquela mulher tão simpática, sem qualquer sucesso. Provavelmente jamais a veria novamente, o que era um pouco triste. Diovana preferia deter-se em lembrar do seu semblante sereno ao ler. Era fácil, por algum motivo parecia ter gravado aquela imagem à tinta na sua memória. [[Ir para Parte 3|Conto 1 - parte 3]] <h3>Conto 1 - Parte 3</h3> em breve <i>Plot: Two characters are late to the subway station and instead end up taking a cab together, which begins their relationship. One of the characters had a prescription drug habit that returns because of increased stress. Money can't buy happiness. A death in the family brings the characters closer together.</i>Double-click this passage to edit it.